Segundo o Livro do Êxodo (13:17-18), após a saída do Egito, os israelitas não tomaram a rota mais curta e lógica para Canaã, que seria aquela ao norte do Sinai, seguindo a costa do Mediterrâneo e atravessando o território dos filisteus, conhecida como “O Caminho da Terra dos Filisteus30”.
Este caminho, da fronteira do Egito até Gaza, possui cerca de 150 milhas ou 240 quilômetros, de acordo com Sarna (Exploring Exodus, 1996, p. 103-106). Esta distância levaria apenas algumas semanas, talvez um mês para ser percorrida, mesmo por um grande grupo de pessoas, incluindo seus rebanhos31. Vários estudos confirmam esta informação:
O exército de Thutmosis III (1504 a 1450 a.C.) cobriu esta distância em dez dias, segundo Sarna (Exploring Exodus, 1996, p. 103-106).
Har-El (1983, p. 167), um ex-pastor de rebanhos, sugere um valor menor do que seis milhas/dia ou dez quilômetros/dia para evitar exaustão do rebanho, resultando numa caminhada de 24 dias.
Hoffmeier (2005, p. 144) sugere 15 a 20 milhas/dia ou 24 a 32 quilômetros/dia, o que daria uma caminhada entre 7,5 e 10 dias.
Com seus idosos, suas crianças e seus rebanhos, não poderiam ter viajado mais que 10 milhas/dia ou 16 quilômetros/dia, o que daria 15 dias de viagem, segundo Prentice (1913, P. 238-244).
Estudado por Davies (1979, p. 93), um texto de Mari sugere que uma caravana poderia percorrer 22 milhas/dia ou 35 quilômetros/dia em um deserto, o que daria 7 dias de viagem.
O Talmud32 sugere 10 parsangs, que seriam aproximadamente 34 milhas ou 54 quilômetros por dia. Neste ritmo, o caminho seria percorrido em até 5 dias.
Sendo assim, menos de um mês seria suficiente para percorrer este trajeto; mas outro caminho foi escolhido, e este levou 40 anos para ser percorrido. A rota escolhida foi descrita em Ex 13:18 como “O Caminho do Deserto do Mar Vermelho” (Mapas 2 e 3, Anexo I). Os Filhos de Israel se dirigiram ao sul para o interior do deserto, para áreas fora do controle egípcio. Alguns dos possíveis motivos para a escolha de uma rota alternativa são:
2.1. Proximidade: “O Caminho da Terra dos Filisteus” era muito próximo do Egito; sendo assim, seria a rota mais fácil para retornar ao Egito. Em Ex 13:17, fica claro que um dos motivos para a escolha de uma rota alternativa e complexa seria evitar que os filhos de Israel se arrependessem de ter saído do Egito e resolvessem retornar:
“E foi ao enviar o Faraó ao povo, não o guiou o eterno pelo caminho da terra dos filisteus que era próximo, porque disse o Eterno: ‘Que não se arrependa o povo ao ver guerra e volte ao Egito’.”
“E foi ao enviar o Faraó ao povo, não o guiou o eterno pelo caminho da terra dos filisteus que era próximo, porque disse o Eterno: ‘Que não se arrependa o povo ao ver guerra e volte ao Egito’.”
Rashi, Ibn Ezra e Nahmânides deixam clara esta idéia:
“[…] it was easy to return by that road to Egypt. […] If they had gone on a direct route, they would have returned. Now, if when He led them around in a circuitous route, they said, ‘Let us appoint a leader and return to Egypt’ (Num. 14:4), how much more [would they have planned to do this] if He had led them on a direct route? They will have [second] thoughts about [the fact] that they left Egypt and they will think about returning”. (Rashi sobre Ex 13:17 em Mikraot Guedolot Meorot, 1995, Vol. 2, p. 296; tradução disponível em:
http://www.chabad.org/library/bible_cdo/aid/9874/showrashi/true, acesso em: 10/08/2009)
“Deus não os deixou seguir pelo caminho dos filisteus, por ele ser próximo, e os levou para uma terra distante para que não tivessem medo de alguma guerra e dissessem: ‘vamos voltar para o Egito’. Sabemos que Deus conhece o futuro, e sabia que iam se arrepender se fossem pelo caminho dos filisteus, e disse: ‘para que o povo não se arrependa’.” (Ibn Ezra sobre Ex 13:17, ibid. p. 295-6, tradução nossa)
“[…] é fácil voltar pelo mesmo caminho para o Egito. Deus não deixou que fossem pela terra dos filisteus por ser próxima. Se arrependeriam e voltariam logo para o Egito. Segundo meu conhecimento, se há esta possibilidade, Deus a previu com antecipação. E as Escrituras dizem que Deus não os deixou ir pelo caminho da terra dos filisteus pois disse que ele é próximo, e o povo se arrependeria ao vislumbrar uma guerra próxima, já que os filisteus não os deixariam passar por sua terra em paz; assim, voltariam ao Egito. Porém, pelo caminho do deserto, não precisariam temer batalha alguma, até a chegada às terras de Sihon e Og, reis amorreus, terra que foi dada à eles.
Neste momento, já estariam longe do Egito. A guerra contra Amalek em Rephidim, não havia como voltar por causa dela, por que eles não atravessaram o território de Amalek; estes últimos é que vieram da terra deles e batalharam contra os Israelitas apenas por ódio. Se os Israelitas decidissem voltar para o Egito, não adiantaria, pois Amalek lutou contra eles no meio do caminho. Estavam também longe do Egito, e não conheciam outro caminho para sair de lá. Mesmo no caminho do deserto muitos quiseram voltar ao Egito; se tivessem ido por um caminho mais simples, quantos não voltariam…” (Ramban sobre Ex 13:17, ibid. p. 296-9, tradução nossa)
O mais rápido, fácil e direto caminho do Egito para Canaã é pelo nordeste, seguindo a costa do Mediterrâneo, atravessando a terra dos filisteus, que fica na costa oeste da Terra de Israel, pelo “Caminho da Terra dos Filisteus”. Da mesma forma como este seria o caminho mais fácil para deixar o Egito, seria também o caminho mais fácil para retornar. Para evitar isso, foi escolhido um caminho circular através do deserto do Sinai, primeiro para o leste e depois para o norte, para que a entrada na terra fosse através da margem oriental do rio Jordão. Essa rota levaria os israelitas tão longe do Egito que a opção do retorno seria difícil. Houve momentos em que os Filhos de Israel desafiaram Moisés e desejaram voltar ao Egito33; se este retorno fosse rápido e fácil, provavelmente muitos teriam retornado. Durante o ataque dos amalekitas (Ex 17:8-13), por exemplo, os israelitas já estavam longe demais do Egito para retornarem.
2.2. Evitar a guerra contra os filisteus: se os Filhos de Israel tentassem passar pela terra dos filisteus, correriam o risco de provocar uma guerra; já que a fé de muitos ainda era fraca, a perspectiva de guerra poderia ter feito com que estes retornassem ao Egito, conforme Ex 13:17:
“Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e volte ao Egito.”
Alguns comentaristas afirmam que já havia alguma inimizade entre israelitas e filisteus34. Mas havia ainda outro motivo para evitar a guerra contra os filisteus: o tratado de não-agressão entre Abraham e o rei dos filisteus Abimeleque35 (Gn 21:22 34).
2.3. Evitar fortificações egípcias: segundo Sarna (1983, p. 103-6), a vulnerabilidade de sua fronteira nordeste exigiu dos egípcios a fortificação dos caminhos contra incursões hostis. Desde os tempos de Amenemhet I (1991-1962 a.C.), uma linha de fortes foi construída ao longo do istmo de Suez. Esta linha de defesa é conhecida como “o muro de Horus”, provavelmente conhecida na Bíblia como Shur (Ex 15:22), que significa literalmente “muro”, e impedia a passagem de tribos nômades. A rota mais curta para Canaã através do país dos filisteus estava fechada por estas fortificações. No início desta rota, havia a imensa Fortaleza de Tjaru36, descoberta na década de 1980, que se localizava em uma faixa estreita de terra, com água dos dois lados. Servia como um enorme obstáculo contra invasores do leste, como também contra elementos ou grupos não autorizados que desejavam deixar o Egito.
Segundo Aharoni (1999, p. 45-6), as campanhas faraônicas contra Canaã exigiam bases logísticas a intervalos de cerca de 20 milhas através da rota sinaítica costeira ao norte. Um relevo mural entalhado na parede externa do templo de Amon em Karnak durante a época de Seti I (aprox. 1300 a.C.) mostra mais de vinte estações na “Estrada de Horus”, pelo deserto do Sinai setentrional, cada qual com um pequeno forte e um reservatório de água. Estas estações fortificadas foram estudadas por Gardiner (1920, p. 99-116)37. A “Estrada de Horus” era fortificada demais para servir como rota de fuga para o povo de Israel.
2.4. Plano Divino: supõe-se que o tempo marcado pelo plano Divino para a ocupação da terra pelos cananeus (juntamente com os outros povos que a habitavam) ainda não havia transcorrido, ou seja, quando os filhos de Israel saíram do Egito, ainda não estava na data em que deveriam conquistar a terra de Canaã:
“E disse (Deus): ‘Sabe com certeza que peregrina será tua semente em terra que não lhe pertence, e a farão servir e a afligirão quatrocentos anos. E também à nação que há de servir, julgarei Eu; e depois sairá com grande riqueza. Tu, porém, irás a teus pais em paz, serás sepultado após boa velhice. E a quarta geração voltará aqui, porque não se completou (a medida do) pecado do Amoreus, até aqui’.” (Gn 15:13-16)
As outras nações, especialmente aquelas a serem conquistadas, ao ouvirem os relatos dos milagres ocorridos no deserto durante os 40 anos, supostamente se sentiriam aterrorizadas, tornando a conquista mais fácil38.
2.5. Testes: os Filhos de Israel passaram por testes e provações durante a sua estadia no deserto, conforme descreve o Deuteronômio:
“E te recordarás de todo o caminho pelo qual te levou o Eterno, teu Deus, estes quarenta anos no deserto, para afligir-te, para provar-te, para saber o que estava em teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não. E te afligiu, e te fez padecer fome, e fez-te comer o maná, que não conhecias e que não conheceram teus pais; para fazer-te saber não só de pão vive o homem, senão que de tudo o que sai da boca do Eterno, disso vive o homem”. (Dt 8:2-3)
“Quem no deserto te fez comer Maná, que teus pais não conheceram; para te afligir e para te provar, para te fazer bem afinal”. (Dt 8:16)
O maná39 foi um grande exemplo de teste de fé. Haviam boas razões para não se exceder a quantidade diária de maná a ser colhida: primeiro, evitar a necessidade de transportá-la através das andanças pelo deserto; segundo, todos os dias as pessoas recebiam uma nova porção, “fresquinha”; terceiro, um exercício de humildade e fé: depender da ajuda Divina e confiar na sua vinda. Somente a porção diária deveria ser colhida a cada dia. O maná só não “caía” aos sábados e dias santos, sendo que uma porção dupla vinha no dia anterior.
Mesmo com todos os avisos, algumas pessoas, incrédulas, ainda saíram para colhê-la no primeiro sábado e outras procuraram estocá-la, causando sua deterioração e a presença de vermes.
2.6. A busca da espiritualidade: segundo Isaacs (1946), a recém nascida nação teve a oportunidade de se livrar do que restou da influência egípcia durante a estada no deserto, para ser educada de uma nova maneira, através dos ensinamentos da Torá.
Deutsch (1998, p. 319) sugere que, se os israelitas tivessem entrado na Terra de Canaã logo após a saída do Egito, cada um receberia seu lote de terra e logo se ocuparia com o cultivo, deixando de lado o estudo das leis da Torá. No deserto, todas as necessidades materiais foram satisfeitas, conforme Êxodo 8:4:l
“Nunca se envelheceu a tua roupa sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos”. (Dt 8:16).
Sendo assim, todos os esforços poderiam ser dirigidos aos estudos, ao conhecimento da lei e ao crescimento espiritual. Em cada uma das estações, os filhos de Israel tiveram uma nova oportunidade de crescimento espiritual 40.
2.7. A preparação de um exército para a conquista de Canaã: em Nm 13:28, os espiões trazem um relato sobre Canaã, do qual consta a seguinte afirmação:
“Porém forte é o povo que habita na terra, e as cidades são muito fortificadas e grandes […]”.
A informação de que houveram cidades fortificadas e grandes em Canaã pode ser confirmada por alguns estudos:
Prentice (1913, p. 238-244) afirma que Canaã era habitada por uma civilização militarizada e bem desenvolvida para a época. Os reis de Canaã viviam em grandes cidades, com fortes muralhas, portões e torres. As cidades eram defendidas por soldados em armaduras e por bigas de guerra. As cartas de Tell ElAmarna41 e escavações como as de Gezer42 nos revelam as dimensões da tarefa de conquista de Israel.
Mazar (2003, p. 187, 209, 215, 240) confirma a afirmação de Prentice de que haviam poderosas cidades-estado cananéias no período do Bronze Médio. Neste período, grandes cidades fortificadas, fortes e assentamentos rurais sedentários foram fundados. Algumas cidades eram defendidas por sólidas muralhas de tijolos, com entre três e quatro metros de largura, e com fundações de pedra. Um novo tipo de portão da cidade foi introduzido neste período.
Era uma grande casa de guarda, retangular e simétrica, composta de duas torres maciças flanqueando uma passagem alongada. Os palácios eram enormes complexos arquitetônicos, alguns com mais de mil metros quadrados de área, incluindo grandes pátios cercados por salões, e diversos quartos. No período de transição entre o Bronze Médio e o Bronze Recente, em meados do século dezesseis a.C., é significativo o número de cidades que foram destruídas.
Na Idade do Bronze Recente, Mazar afirma que a população e a densidade de assentamento declinaram em comparação com o período precedente, fenômeno sintomático de um declínio demográfico que foi talvez seguido por um incremento na população de pastores nômades. O número de fortificações também declina, mas em alguns sítios as poderosas defesas do Bronze Médio poderiam ter continuado em uso.
Johnson (1987, p. 42-44) também confirma a grandiosidade das cidades cananitas da época, afirmando que Jericó era uma das mais antigas cidades do mundo, e possuía enormes muralhas na Idade do Bronze; a cidade de Gibeon era o centro de uma região de produção de vinhos, com enormes porões subterrâneos para estocagem; Hazor era uma grande e esplêndida cidade, que abrigava possivelmente 50.000 habitantes, com fortes portões e sólidas muralhas.
Para esta tarefa de conquista da terra de Canaã, escravos teriam de se transformar em guerreiros, e para esta transformação, uma longa permanência no deserto se tornou essencial (PRENTICE, 1913, p. 238-244).
2.8. A formação de uma nação: Israel recorda-se do Êxodo como o evento constitutivo que o transformou em uma nação. (BRIGHT, 2000, p. 122). Segundo a Bíblia Hebraica, em Dt 26:5, os filhos de Israel atingiram o status de “nação” ainda no Egito:
“E falarás em voz alta e dirás diante do Eterno, teu Deus: ‘Labão [Laván], o arameu, quis fazer perecer o meu pai, e este desceu ao Egito e peregrinou ali com pouca gente, e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa’.”
Porém, em Ex 19:4-6, esta transformação ocorre no deserto, após a aceitação do pacto Divino:
“Tendes visto o que fiz no Egito, e vos levei sobre asas de águias e vos trouxe a Mim. E agora, se ouvirdes atentamente Minha voz e guardarem Minha aliança, sereis para Mim um reino de sacerdotes e um povo santo.”
Há uma aparente contradição. Sacks (2002, p. 142-3) afirma que há duas maneiras pelas quais indivíduos se aglutinam em um grupo com identidade própria. A primeira é a maneira do passado: pessoas sentem-se ligadas umas às outras por terem uma história, uma ancestralidade, uma origem comuns. Este é o tipo de vínculo que une povos e grupos étnicos; cada um deles é uma comunidade do destino, ‘am43, um povo.
A segunda maneira tem por base o futuro: os indivíduos formam um grupo em função do lugar para onde estão indo, por aquilo que são chamados a alcançar. Compartilham ideais e têm uma visão comum. Participam de uma vida coletiva sob um conjunto de leis, valores e virtudes específicas. Estão ligados não pela história, mas pela missão que têm em frente. Uma comunidade de fé. A Bíblia chama esta comunidade de ‘edah44.
Em Ex 1:9, quando um novo faraó anuncia a escravidão dos israelitas, estes são chamados pela primeira vez de ‘am: “o povo dos Filhos de Israel”. Ali, os israelitas se tornaram uma comunidade do destino.
Enfrentaram um inimigo comum que tinha a forma de um poder escravizador e tirânico. Para os egípcios, os israelitas eram nômades estrangeiros, cujos hábitos eram considerados impuros aos olhos dos egípcios45. Os israelitas adquiriram uma identidade comum por serem uns como os outros e, juntos, diferentes daqueles à sua volta. Tinham os mesmos ancestrais e as mesmas origens. Foi a primeira maneira pela qual se transformaram em uma nação.
Sacks (2002, p. 144-7), então, conclui que o Êxodo foi apenas o prelúdio para o nascimento da nação de Israel. O evento decisivo não teve lugar no Egito, e também não foi sua saída de lá. Aconteceu quando se encontravam ao pé do Monte Sinai, onde ouviram a voz de Deus e receberam os Dez Mandamentos, o código moral mais famoso entre todos. No Sinai, os israelitas foram transformados de uma comunidade do destino em uma comunidade de fé, de ‘am para ‘edah, significando um corpo político sob a soberania de Deus, cuja constituição escrita era a Torá.
“Atende e ouve, ó Israel! Hoje vieste a ser o povo do Eterno, teu Deus”. (Dt 27:9)
1Fontes e referências bibliográficas
30A descrição desta rota se encontra no Capítulo 1, item 1.
31Em Ex 12:37, 38 há a confirmação de que haviam crianças e animais junto com os filhos de Israel que saíram do Egito: “E viajaram os filhos de Israel de Ramsés a Sucot; eram como seiscentos mil homens andantes, fora as crianças. E também grande mistura de gente subiu com eles, e rebanhos e gado, animais em grande quantidade”.
32Tratado Pesachim 93b, em Kaplan (comentário sobre Gn 30:36, p. 145). O Talmud define a distância entre Jerusalém e Mod’in, uma distância de 17 milhas, como sendo 15 mil ou 5 parsangs.
33Em diversos locais da Bíblia Hebraica há a menção da vontade de parte dos Israelitas voltarem ao Egito: Pi Hachirot (Ex 14:10), Refidim (Ex 17:1-7), Mará (Ex 15:22), Taberá/Kibroth Hataavá (Nm 11), o episódio dos espiões (Nm 14).
34Targum Yonathan; Mekhilta; Rashi; Josephus 2:15:3 em Kaplan sobre Ex 13:17 (1981, p. 321). Segundo Ginzberg (2001, p. 12), quando os filhos de Israel completaram 180 anos no Egito, Ganon, um descendente de José, da tribo de Efraim, reuniu membros de sua tribo que, confiantes em suas qualidades militares, deixaram o país em direção à Canaã. Seguiram pelo caminho mais curto até Gath. Lá, após um encontro violento com os filisteus, foram exterminados, e apenas dez deles sobreviveram e retornaram ao Egito, trazendo a notícia da tragédia para os demais Filhos de Israel.
35Este tratado estaria em efeito por três gerações. No tempo do Êxodo do Egito, o rei dos filisteus era um homem muito idoso, neto daquele Abimeleque, ou seja, o pacto ainda estaria em vigor. (Mekhilta, Lekhach Tov Beshalach 13:17 em DEUTSCH, 1998, p. 319).
36HOFFMEIER (2005, p. 65, 93).
37Uma longa linha de fortes e reservatórios de água constitui o mais antigo equivalente de um mapa conhecido. A fonte principal é uma série de cenas esculpidas que ocupam a parede norte exterior da sala do Hipostilo no templo de Karnak, e se referem ao rei Seti I da décima – nona dinastia (por volta de 1300 a.C.). (Figura 1, Anexo II). No papiro Anastasi I (27, 2-28, 1), muitos destes nomes são recorrentes. (GARDINER, 1920, p. 99-116).
38Sefat Emet em Kaplan (1981); há também a confirmação deste fato através do relato de Raabe em Js 2:9: “E disse aos homens: Bem sei que o SENHOR vos deu esta terra e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desfalecidos diante de vós”. (Tradução BibleWorks 5.0, ACF – Portuguese Corrigida Fiel).
39Ex 16:15-27; Deutsch (2004, p. 41-60).
40Chatam Sofer em Kaplan (1981, p. 911).
41Em Tell El-Amarna, no Médio Egito, no palácio de Amenófis IV (= Akhenaton, 1352-1336 a.C.) foi encontrado um arquivo contendo mais de 360 documentos escritos em acadiano sobre tabuinhas de argila, que é parte da correspondência diplomática entre o governante egípcio e governantes de cidades cananéias e de outras potências importantes, como a Babilônia, o império hitita e Alashya – provavelmente Chipre. (MAZAR, 2003, p. 234-5). As placas de El Amarna não fornecem um quadro completo, mas proporcionam uma visão fiel da terra de Canaan neste período, levando em consideração os importantes centros canaanitas e suas áreas de influência. Algumas destas importantes cidades-estado, mencionadas nas placas de El Amarna, são: Hazor, Peḥel, Megiddo, Taanach, Shim‘on, ‘Ashkelon, Yurza, Gezer, Gath-carmel, Lachish, Shechem, Jerusalém; outras cidades menos influentes também são registradas: Yenoam, Shunem, Gina[th] Japhia, Hannathon, Gath-padalla, Gath-rimmon, Rubute, Zorah, Aijalon, Keila, Mareshah e aparentemente também Zaphon, Manahath e Beth-horon; haviam também bases egípcias em Beth-shean, Joppa e Gaza. (AHARONI, 1979, p. 169-176).
42Em Gezer, foi utilizado um tipo de fortificação chamado de glacis (rampa artificial criada por meio do acúmulo de terra compactada sobre um cômodo ou colina existente). A encosta artificial foi criada alternando estratos aglutinados de destroços de ocupações anteriores e fragmentos de greda (calcário branco, macio e poroso). Havia também uma muralha maciça de pedra “externa”, supostamente fundada ou fortalecida na Idade do Bronze Recente. Existem também evidências de um alto grau de planejamento urbano. Um centro de culto aberto possuía dez grandes pedras em pé, uma demonstração do uso da pedra vertical nas práticas de culto cananéias. (MAZAR, 2003, p. 207-208, 214, 218).
43Povo, nação, comunidade, população, multidão. (BEREZZIN, 2003, p. 503)
44Comunidade, congregação, coletividade (ibid., p. 494); segundo Elazar, “a assembléia de toda as pessoas que constituem um corpo político” (ELAZAR, Daniel. People and Polity. Detroit: Wayne State University Press, 1989, p. 23, em SACKS, 2002, p. 143).
45Em Gn 43:32, quando José ofereceu comida aos seus irmãos, estes comeram separados dos egípcios, “pois não podiam os egípcios comer pão com os hebreus, porque isto era abominação para o Egito”.